sábado, 27 de março de 2010

Maldizer o futuro, idealizar supostas "eras de ouro": isso corresponde à realidade objetiva?

Madrugada de uma sexta-feira. Tentarei ser sucinto.

Todos já ouviram as máximas: "O futuro é sombrio, não sei o que nos espera."

"O mundo está virando um caos."

"As relações intersubjetivas ficam cada vez mais desgastadas."

"O ser humano fica cada dia pior"

etc.




Acho isso absolutamente nonsense e prescrevo 2,5 L de Simancol diário p quem profere tais sandices - a meu ver, claro.

Vou ilustrar o porquê de minha discordância com exemplos: até pouco tempo, a mulher era subjugada, tratada institucionalmente com como extensão do homem; o próprio matrimônio a convertia em "relativamente incapaz" civilmente - até algumas poucas décadas atrás. Os negros, a seu turno, sequer precisam ser citados. No mesmo sentido: não havia consciência ambiental até passado não muito distante. Ainda: a legislação trabalhista era desumana em passado histórico não tão distante. Mais: No Brasil da década de 40 era possível absolvição ao estuprador caso a vítima consolidasse matrimônio.

Isso tudo em nível institucional. Que dirá social! O Direito traduz o mundo do "dever-ser", que é bastante diferente do mundo real, considerado tal qual é faticamente.

A grande maioria das barbaridades ocorridas nas últimas décadas não era noticiada tão amplamente como hodiernamente.

Atualmente, caso ocorra um acidente de trem ou uma briga entre torcidas organizadas na periferia do interior da Bulgária, logo o mundo inteiro fica sabendo.

Alguns ingênuos veem isso como o anúncio da ruína da raça humana, etc. Nada disso. Se antes ocorriam 1000 barbaridades, 2 eram noticiadas. Hoje, caso ocorram 200 barbaridades, 150 são noticiadas. Essa hiperexposição causa em alguns a sensação de que o mundo piora, regride. Trata-se de ilusão, até porque, conforme ilustrado anteriormente, os progressos institucionais alcançados nas últimas décadas são incontestes.