sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Limitações humanas

Segundo Freud, o homem é pulsional. O inconsciente determina, em grande parte, nosso modo de operar, por mais tentamos esboçar algum controle em nível externo. Esse "determinismo pulsional" ou "primazia do inconsciente" se relaciona, para mim, à própria percepção de mundo limitada do ser-humano. Limitada porque adstrita às limitações de ordem fisiológica. Captamos o mundo pelo sensorial, pela estrutura corpórea, assim como a lesma, a lagosta ou o mamífero captam o externo através de seus respectivos organismos. Assim, a percepção do mundo, pelo homem, é limitada. Não é definitiva. Kant flerta com essa idéia através dos termos "fenômeno" (o que o homem capta limitadamente através de seus sentidos corpóreos) e "coisa em si" (o que existe per si, independentemente da capacida ou não de um ente captá-lo).

Além das limitações celulares constitutivas da estrutura corpórea humana (limitações de natureza fisiológica), outro fator é determinante na constituição do ser: o social. Somos socialmente determinados; o meio nos determina substancialmente o "modus operandi" psíquico.

Somos, pois, limitados. Há limites cognitivos ao ser humano, que não pode conhecer tudo. Um cachorro, por exemplo, por mais se esforce e empregue todas as suas capacidades adquiridas milenarmente, não poderá entender o que é um "computador", por exemplo. Pode ser que, do mesmo modo, o ser humano não esteja apto a entender ou conhecer certas coisas, por limitações cognitivas decorrentes das limitações biológicas e celulares.

 Mudanças sociais não se operam em escala individual, mas através de gerações. Isso para fins de mudanças de paradigma em nível institucional, no seio de um Estado soberano. A "desestigmatização" dos negros, por ex. (ainda em curso), não aconteceu de uma hora pra outra. Os efeitos de práticas socialmente difundidas podem marcar por séculos, seja para bem ou para mal. Não que eu pretenda definir o que é bem ou mal. Isso é subjetivo. Contudo, para os fins aqui expostos, pode-se considerar "bem" como tudo que convirja para a concretização da dignidade humana, até porque esse valor é aceito universalmente pelas nações contemporâneas e democráticas do mundo, por influência da máxima kantiana do "homem como fim em si mesmo".


Um comentário:

  1. Sérgio estava no orkut numa comunidade de ópera e li você falando sobre Strauss e entrei no teu perfil e vi teu blog.
    Gostei muito do que você escreveu aqui.
    Concordo com o que você disse que somos seres sociais.
    O meio onde nascemos é determinamente para a formação de nossa personalidade.
    Nossa geração (eu tenho 28 anos) é filha da Ditadura Militar e da presença forte do Cristianismo Católico, isso significa repressão por todos os lados.
    Ai veio a Anistia e consequentemente um afrouxamento dessa educação castradora.
    No meu modo de ver as coisas, vivenciamos uma outra forma de Ditadura, uma mais sutil e até mesmo mais maléfica, A DITADURA MIDIÁTICA, que determina fundamentalmente como deve ser o comportamento da Massa Populacional e isso ocasiona um aparente estado de liberdade, mas, é só aparência.
    Não sei se as coisas evoluirão muito, acho que nos como humanos estamos amarrados por uma espécie de Lei Moral que habita o nosso inconsciente coletivo e determina como devamos agir ou pensar por muito tempo.
    Por mais que queiramos aparentar uma evolução ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais.
    Acho que será preciso uma transmutação total de nossos valores tal como Nietzsche pensou.

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